sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Discurso de Posse em Setembro de 2005


CADEIRA Nº 18
Patrono: FRANCISCO SILVANO DE SOUZA, Monsenhor
Membro Titular: HUGO DE MELO RODRIGUES, Professor


Senhor Presidente, Dr. Geraldo Menezes Barbosa, cumprimentando V. Sª, elasteço aos demais membros desta academia os meus cumprimentos. Lembro-lhes ainda que este é um momento de grande relevância na minha vida.Meus queridos familiares e amigos dignifica-me as vossas presenças e simultaneamente me provoca nostalgia à ausência dos demais.

Minhas homenagens a Grande Família do Caldeirão da Criança. Trabalho idealizado por Sr. Alfons Lonsing e a Sra. Bernadete Bezerra Lonsing, com os mais elevados sentimentos de dedicação e amor ao próximo. A eles os meus agradecimentos por terem me proporcionado a oportunidade tê-los como exemplo.


À nossa Juazeiro, meca do Nordeste, cheia de terra e areia, iluminada por Padim Ciço e pela Mãe de Deus das candeias.
Dedico a felicidade deste momento a minha querida esposa:
Cicera Sineide Dantas Rodrigues, companheira de todos os momentos e que me faz muito feliz. E a quem terço agora palavras seculares de amor:

“Mas silêncio! Que luz se escoa agora da janela? Será ela o sol daquele oriente? Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que, como serva, és mais formosa que ela. Deixa, pois, de servi-la; ela é invejosa. Somente os tolos usam sua túnica de vestal, verde e doente; joga-a fora. Eis minha dama. Oh, sim! é o meu amor. Se ela soubesse disso! Ela fala; contudo, não diz nada. Que importa? Com o olhar está falando. Vou responder-lhe. Não; sou muito ousado; não se dirige a mim: duas estrelas do céu, as mais formosas, tendo tido qualquer ocupação, aos olhos dela pediram que brilhassem nas esferas, até que elas voltassem. Que se dera se ficassem lá no alto os olhos dela, e na sua cabeça os dois luzeiros? Suas faces nitentes deixariam corridas as estrelas, como o dia faz com a luz das candeias, e seus olhos tamanha luz no céu espalhariam, que os pássaros, despertos, cantariam. Vede como ela apoia o rosto à mão. Ah! se eu fosse uma luva dessa mão, para poder tocar naquela face.”
Trecho de Romeu e Julieta, talvez, a mais célebre e conhecida história de amor de todos os tempos de William Shakespeare (1564-1616) que nasceu e morreu em Stratford, Inglaterra. Poeta e dramaturgo, que é considerado um dos mais importantes autores do mundo.

Ao meu amado filho: Arthur Vitor Dantas Rodrigues. Saiba que você nos traz muitas felicidades. A sua chegada me faz recordar com muita emoção algo assim maravilhoso:

“É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer; Pois, eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer.Vejo um berço e nele eu me debruçar com um pranto a mim correr e assim chorando acalentar o filho que eu quero ter.Dorme, meu pequenininho, dorme, que a noite já vem, teu pai está muito sozinho, de tanto amor que ele tem. De repente eu o vejo se transformar, no menino igual a mim, que vem correndo me beijar, quando eu chegar lá de onde vim. Um menino sempre a me perguntar, um porquê que não tem fim, um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim. Dorme, menino levado, dorme, que a vida já vem, teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem. Quando a vida enfim me quiser levar, pelo tanto que me deu, sentir-lhe a barba me roçar, no derradeiro beijo seu. E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus, ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus. Dorme, meu pai sem cuidado, dorme, que ao entardecer, teu filho sonha acordado com o filho que ele quer ter.”
O Filho Que Eu Quero Ter
Música: Toquinho

Letra: Vinicius de Moraes


Que este momento represente a homenagem justa e merecida para todos os meus ancestrais que tiveram as cinzas espalhadas pelo vento e esquecidas no tempo, que seja a oportunidade de galgar mais um degrau na escada da vida. Que este momento fique registrado nos arquivos, não apenas da lógica burocrática das instituições, mas da memória dos que aqui estiverem e que seja um referencial para toda a minha descendência.

Poderia começar este discurso pelo último discurso, que foi capaz de atravessar o tempo por sua eloqüência, clareza, por sua mensagem de paz. Quem aqui não se recorda:

“Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros...brancos. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

Charles Spencer Chaplin (16.04.1889 – 25.12.1977) O último discurso de “O Grande Ditador” em 1940 sem dúvida, uma das mais importantes obras de sua carreira.

Sendo admirador das artes, das letras, das lendas e dos fatos históricos, não posso deixar que este banquete dionisíaco passe sem que eu faça referências teóricas que fundamentaram a minha formação. Quisera neste momento trazer nas minhas palavras a eloqüência de Marco Túlio Cícero, (106-43 a.C.) advogado, orador e escritor romano, que viveu e foi assassinado no Século I antes de Cristo. Provavelmente foi um dos maiores oradores que o Ocidente conheceu, capaz de eletrizar as multidões com seus discursos. Seus ideais e seus textos foram lidos das mais diversas formas para promover a cidadania e o engajamento dos homens qualificados nos assuntos públicos. Ou quem sabe caracterizar a minha fala na poesia Shakespeariana, onde a expressão filosófica nos acompanha e nos conduz a uma profunda reflexão: “Ser ou não ser -- eis a questão."
Quisera enaltecer os antigos filósofos, os grandes poetas, com a suavidade das belas canções. Mas se a efemeridade do tempo não me permite, cito os ensinamentos e a sabedoria existencial de Horácio, universalmente conhecida como Carpe diem: viver o presente, pois o amanhã será incerto.
Quintus Horatius Flaccus (65 a.C. - 8 a.C.) Poeta lírico, satírico e filósofo, filho de escravo emancipado. Horácio entrou para os círculos literários, tornando-se o primeiro literato profissional romano.

Mesmo não tendo a leveza que caracteriza a infância ou a sabedoria espelhada no olhar dos idosos, me ponho diante de todos vocês e em oferenda trago a boa vontade de poder colaborar com a cultura e a educação de um povo, de minha gente, buscando a energia necessária de transformar idéias em ações, finalidades estas elencadas nos estatutos desta academia, finalidades estas defendidas há mais de cem anos por Machado de Assis quando dizia:

“As academias são como as armas. Só devem ser utilizadas em defesa. Em defesa, antes de tudo, do patrimônio cultural de um povo. Devem representar a memória estética, histórica e intelectual da nacionalidade”.

Com estas palavras ele profetizou e disseminou a importância de que em cada cidade tivesse sua academia, seus brasões, sua história, para que também pudesse resgatar a vida e obra de todos que contribuíram para o desenvolvimento local.
Passem-se mil anos e o tempo jamais apagará a eloqüência da mensagem do Pai da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, no entanto a partir de agora esta mensagem será acrescida de uma observação que ora faço: Que neste país, jamais seja preciso utilizar as armas para defesa, pois agora chegou a profecia bíblica que diz que o lobo e o cordeiro pastarão juntos. Com estas palavras reafirmo o meu voto de SIM para o desarmamento, vamos votar, conclamo a todos a dizer SIM para o desarmamento, vamos desarmar aqueles que ceifaram a vida dos nossos, e na ceifa lembrar daqueles que já partiram, e o quanto nos comove as suas ausências. Lembrá-los, no entanto é uma possibilidade trancendental de tê-los aqui.
O sabor da vingança traz um ar de justiça, mas “Como! Falas em paz e a espada arrancas?”

No ICVC - Instituto Cultural do Vale Caririense, homens cultos, merecedores da confiança da sociedade e formadores de opinião me precederam na Cadeira de Nº 18 que de agora em diante hei de ocupar. E neste momento quero me reporta ao seu Patrono, o Monsenhor Francisco Silvano de Souza, “que se por sua grandeza, dele me distancio”, a ele referencio, pois “os lugares vazios, pertencem aos seus próprios donos”. Natural da terra dos verdes canaviais, Barbalha, cidade do interior cearense, nasceu em 18.04.1879 e morreu em 26.02.1969. Sendo um dos grandes sacerdotes da labuta caririense, cidadão universal, militou na imprensa, no magistério e na oratória sacra. Pelo mérito do seu trabalho e eficácia de suas ações foi convidado para coordenar inúmeros trabalhos sociais. Preencheu cargos importantes nas Dioceses do Ceará e de Pelotas-RS, onde passou 40 anos ao lado de D. Joaquim Ferreira de Melo. Em Crato dirigiu cadeiras na Faculdade de Filosofia e no Colégio Diocesano. É autor dos livros “O Grande Desconhecido” e “Dom Melo”. Cumpriu na íntegra o apostolado que escolheu por inteira vocação. O seu 60º aniversário de Sacerdócio foi festejado pelo povo de Barbalha. Seu exemplo de fé e coragem inspirava a admiração de todos que o conheciam. Soube cumprir o seu dever. E com sua morte a Igreja e o Ceará perderam o ilustre e dedicado filho.

Peço desculpas aos que me antecederam e a paciência daqueles que me precedem, por não possuir o dom da oratória e sapiciência dos eruditos para finalizar o meu pronunciamento, no entanto recorro aquele que diz:

“Boa noite, boa noite, boa noite! A despedida é dor tão doce que ficarei aqui te dizendo boa noite até que seja dia.” William Shakespeare

I C V C
INSTITUTO CULTURAL DO VALE CARIRIENSE
Caixa Postal 210 - Juazeiro do Norte - CE / CEP. 63.010 – 210
Email: icvccariri@hotmail.com

ELEIÇÃO PARA DIRETORIA DO ICVC
BIÊNIO: 2010-2011
CHAPA UM NOVO TEMPO

DIRETORIA
PRESIDENTE: Hugo de Melo Rodrigues
1º VICE-PRESIDENTE: Maria do Rosário Lustosa da Cruz
2º VICE-PRESIDENTE: Pedro Bandeira de Caldas
1º SECRETÁRIO: Francisco Barros Sobrinho
2º SECRETÁRIO: Rita de Cássia Clemente Rodrigues
1º TESOUREIRO: Antônio Renato Soares Casimiro
2º TESOUREIRO: Ernane Tavares Monteiro
ORADOR: João Bandeira de Caldas
BIBLIOTECÁRIO: Osmar Cavalcante


COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES
Geraldo Menezes Barbosa
Maria José de Sales
Pedro Ernesto Filho

COMISSÃO DE ADMISSÃO DE SÓCIOS
Aguinaldo Carlos de Souza
Antônio Arnaldo Onofre de Alencar
José Ferreira Gonçalves

COMISSÃO DE RELAÇÕES PÚBLICAS
Joaquim Edvan Pires
Simone de Barros Grangeiro Melo


Juazeiro do Norte – Ceará, 15 de Dezembro de 2009
No dia 15 de dezembro deste, às 17horas na sede da Biblioteca Manicipal de Juazeiro do Norte, ocorreu Eleições para a Presidência do Instituto Cultural do Vale Caririense - ICVC. O instituto é uma das mais importantes instituições culturais existentes no Cariri Cearense fundado em 1974, cujo idealizador, o Professor Joaryvar Macedo ocupou dentre outros o cargo de Secretário de Cultura do Estado do Ceará. O profº Hugo Rodrigues - Técnico em Cultura foi o Presidente Eleito para conduzir o destino do instituto para o Biênio 2010-2011. A posse esta prevista para a primeira semana de fevereiro no Centro Cultural do BNB dentro do Programa "Troca de Idéias"